segunda-feira, 12 de junho de 2017

FEMINISMO: Pelo direito de existir e resistir


Da série de artigos sobre Direitos Humanos no Brasil.


Por mais inadequado que possa parecer que um homem escreva sobre feminismo, decidi que seria importante trazer este tema para este espaço, que pretende ser um lugar de reflexão sobre os problemas da nossa sociedade atual. Não pretendo roubar a voz das mulheres, mas unir a minha à delas, ainda que não seja necessária a voz de um homem para legitimar a voz das mulheres.

Em pleno século XXI, ainda há pouco entendimento sobre o que é de fato a ideologia feminista. É impressionante como em nossos dias um grande número de pessoas, inclusive mulheres (por incrível que pareça!), consideram o feminismo algo ruim e negativo. Este artigo pretende ser uma introdução a uma discussão que é quase inesgotável.



1. Feminismo não é o equivalente de "machismo" para as mulheres
O feminismo não é a discriminação aos homens. Não é uma busca por superioridade feminina. Não busca prejudicar ou excluir os homens. Nossa sociedade é desigual. O machismo e a misoginia ainda estão muito presentes. A luta das mulheres, na verdade, é a luta para existir, para ter voz, para não serem consideradas inferiores aos homens. Não pode haver nada mais legítimo.

2. Feminismo não é uma ideologia de ódio
Por mais que, em alguns momentos, o discurso feminista pareça raivoso, essa indignação é a revolta daquelas que sempre foram oprimidas. Ser mulher em nossa sociedade é difícil (não precisa ser mulher para saber disso, basta tentar se colocar em seu lugar, basta imaginar como isto dever ser). Ser vítima de discriminação durante toda a existência é algo que naturalmente gera revolta, gera uma reação que acaba sendo inflamada. Mas certamente o discurso feminista não visa um estado permanente de guerra, mas a equidade, o equilíbrio e, por fim, a paz.

3. O feminismo não pretende impor um modo de vida às mulheres
Muitas pessoas ainda hoje acreditam que o movimento feminista pretende impor às mulheres um determinado estilo de vida. Acreditam que as feministas pregam que mulheres não devem se casar, não devem ter filhos, não devem usar maquiagem, fazer cirurgia plástica, depilação, usar certos tipos de roupa, que devem levar uma vida desregrada, sem recato, sem pudor. Na verdade, as feministas não defendem nada disso, mas que as mulheres tenham a liberdade de escolher seu estilo de vida. Que a mulher possa decidir se querem se casar, se querem ser mães, o tipo de roupa que querem usar, se querem usar maquiagem ou não, se querem sair sozinhas ou acompanhadas. A mulher tem que ter o direito de ser livre, de conduzir sua vida da maneira que quiser. A imposição de um estilo de vida, seja ele qual for, é uma forma de opressão.

4. O que querem as feministas?
Talvez não seja o mais apropriado um homem discorrer sobre o que as mulheres querem. O mais interessante seria que mulheres pudessem se manifestar expressando seu próprio ponto de vista (leitoras podem fazê-lo nos comentários). Mas, enquanto homem, o que eu enxergo é que o que as feministas desejam é ter o direito de existir. É ter o direito de ser mulheres e ter orgulho de sê-lo. É ter o direito de escolher o que fazer de suas vidas e não ter outros decidindo por elas. É não ter que aceitar que lhe digam como devem se vestir, como devem se comportar, como devem viver. É não ser vítimas de assédio, por menor que possa parecer. É ter liberdade, é ter segurança, é poder andar pelas ruas, é poder se divertir, é poder ser o que quiserem ser. É ter o direito de ser felizes.

Estamos abertos para receber e publicar as contribuições de leitoras que queiram dar o seu ponto de vista sobre este tema. As que quiserem enviar seus textos podem fazê-lo pelo endereço professor.bruno.fernandes@gmail.com.

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